A culpa é de quem?

Sexta-feira. Depois de trabalhar a semana inteira, não vejo a hora de voltar pra casa. Conto os minutos para dar meu horário de ir embora do estágio. Quando os ponteiros do relógio finalmente apontam, o maior pro doze e o menor pro cinco, levanto da cadeira, me despeço dos colegas, coloco um fone no ouvido e em dias comuns, ligo meu mp3: Vou pra casa feliz escutando Mastodon, Protest the Hero, Black Tide... Mas acontece que como toda estudante de jornalismo sou obrigada a ouvir rádio. E mesmo contra minha vontade (não gosto de rádio, porque não aceito e nunca vou aceitar a forma como as rádios lidam com as bandas e suas músicas - mas a explicação disso fica pra um próximo post) em dias atípicos eu volto pra casa ouvindo o sinal FM. 

Nessa sexta me arrependi de ter feito isso logo no momento em que liguei o tal do rádio: nos cinco primeiros segundos escutei “Sempre com o cartão do pai compra tudo e se distrai”. Dei aquela leve suspirada como quem diz ‘puuutz’ e coloquei nas minhas músicas (providencialmente estava tocando Sold my Soul, do Zakk Wylde, até achei que fosse Deus querendo me mandar alguma mensagem) e comecei a me indagar sobre umas questões que julgo importantes. 

A música em questão era do Cine, uma banda que tem no máximo um ano e meio de estrada. Com uma carreira pequena (e graças ao apoio inicial de outras bandas bem maiores) o Cine teve sorte ao assinar com a Mondo, uma produtora que organiza shows e lança seus artistas pela Universal Music. Com o contrato recém-assinado, o Cine abriu shows do Jonas Brothers e do McFly. Apesar da proposta das três bandas para mim parecerem iguais (no estilo boy band, rebolando e pagando de paquito) o Cine abriu esses shows simplesmente porque a organizadora era a Mondo – e não porque eles eram bons, de fato. Foi aí que a merda começou: as crianças fãs de McFly e Jonas Brothers - graças aos programas de tv, internet e toda essa tecnologia que as vezes atrapalha muito mais do que ajuda (se você acha que não tem nada de errado com as crianças de hoje em dia, por favor clique nesse link: http://www.liveleak.com/view?i=617_1252006591) - abraçaram a ideia. Agora é normal um cara se dizer rockeiro e gravar um cd com tanto efeito na voz que faz parecer um robô. Agora é normal uma banda tocar em um festival de rock e usar instrumentos sampleados para ‘melhorar a performance’. Agora é normal uma banda se preocupar muito mais com a roupa que usa, a imagem que passa, do que com a própria atitude em relação à música. 

E aí eu fico pensando... A culpa disso é de quem? Da indústria fonográfica, que parece desnorteada ao escolher algumas bandas que fazem sátira ao nosso gosto pra integrar o mainstream brasileiro? Das bandas, que não se preocupam em buscar boas referências? Dos pais, que parecem ter esquecido de ensinar algumas coisas para os filhos? Dos organizadores de shows, que se vendem e abrem espaço pra um monte de banda ruim? Ou da própria população, que passivamente aceita e escuta qualquer coisa que lhe é ‘imposta’?
A verdade é que, no meio de tanta bagunça no cenário musical, cabe a nós, apreciadores de uma boa música, exigirmos qualidade.


O underground paulista tem muita banda boa: o metal do Project 46; o Rancore, que faz um rock contemporâneo, mesclado com hardcore e letras engajadas nos atuais problemas da sociedade; o Eu Serei a Hiena, banda instrumental que segue a linha do rock matemático e muitas outras que terão seu espaço neste blog.
O mainstream, que já deixou dúvidas, agora tem o Gloria, que mistura o rock pesado, com berros e guitarras na levada do metal e melodias românticas, provando que nós brasileiros temos sim muita maturidade musical.
Rock que é rock faz você sentir o seu sangue correndo, é espontâneo, é autêntico.

Finalizo aqui com um apelo: Vamos ouvir músicas boas! "Uôô-ô-ôôôôô" não é nada além de pobreza musical.

3 comentários:

Laiz | 29/10/09 12:19 AM

Cabe a nós divulgar o que é música "de verdade" independente do estilo, qualidade sempre.

Julio Cesar | 9/11/09 1:41 PM

Eeeee Mariana em, estou gostando de ver...=D
Belas palavras...

Rafael Caldas | 22/11/09 1:00 AM

Otima postagem..
Fico admirado com a quantidade de lixo que é ouvida principalmente nas radios.
a galera engole e acha lindo aquelas musicas pra nao dizer outra palavra pior "POBRES"

Gostei do blog e da atitude
See ya

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