Banda de ska californiana faz show em São Paulo

Matt Embree (voz e guitarra), Steve Choi (guitarra, teclado), Joseph Troy (baixo e voz) e Christopher Tsagakis (bateria) formam a banda de ska RX Bandits, criada em 1996 num dos subúrbios mais agitados da Califórnia.
Com sua primeira passagem pelo Brasil, após show no Rio e em Criciuma, chegam em São Paulo invadindo o hangar 110, dividindo palco com bandas como Sapo Banjo e Esquisitossomos. Matt dedicou esse show á sua cadela Cali que havia morrido enquanto ele estava em turnê.
Tocaram algumas músicas do cd "Mandala" e várias outras do último cd da banda "And The Battle Begun", apenas uma do album "Progress" e umas outras do "Resignation". Abusando um pouco da versatilidade e dos improvisos, soltaram um cover " The Ocean" do Led Zeppelin e fecharam a noite com "Only for the night" com o público cantando em coro.

Sou até suspeita para falar, é um som altamente viciante e eu recomendo! Para quem ainda não conhece a banda, vale a pena conferir: http://www.lastfm.com.br/music/Rx+Bandits





"Society creates symptoms:
The system medicates them
(there is no progress in a cure,
they’ve got their eyes on the return
it came from our own hand
to squeeze the last survivor)"

A culpa é de quem?

Sexta-feira. Depois de trabalhar a semana inteira, não vejo a hora de voltar pra casa. Conto os minutos para dar meu horário de ir embora do estágio. Quando os ponteiros do relógio finalmente apontam, o maior pro doze e o menor pro cinco, levanto da cadeira, me despeço dos colegas, coloco um fone no ouvido e em dias comuns, ligo meu mp3: Vou pra casa feliz escutando Mastodon, Protest the Hero, Black Tide... Mas acontece que como toda estudante de jornalismo sou obrigada a ouvir rádio. E mesmo contra minha vontade (não gosto de rádio, porque não aceito e nunca vou aceitar a forma como as rádios lidam com as bandas e suas músicas - mas a explicação disso fica pra um próximo post) em dias atípicos eu volto pra casa ouvindo o sinal FM. 

Nessa sexta me arrependi de ter feito isso logo no momento em que liguei o tal do rádio: nos cinco primeiros segundos escutei “Sempre com o cartão do pai compra tudo e se distrai”. Dei aquela leve suspirada como quem diz ‘puuutz’ e coloquei nas minhas músicas (providencialmente estava tocando Sold my Soul, do Zakk Wylde, até achei que fosse Deus querendo me mandar alguma mensagem) e comecei a me indagar sobre umas questões que julgo importantes. 

A música em questão era do Cine, uma banda que tem no máximo um ano e meio de estrada. Com uma carreira pequena (e graças ao apoio inicial de outras bandas bem maiores) o Cine teve sorte ao assinar com a Mondo, uma produtora que organiza shows e lança seus artistas pela Universal Music. Com o contrato recém-assinado, o Cine abriu shows do Jonas Brothers e do McFly. Apesar da proposta das três bandas para mim parecerem iguais (no estilo boy band, rebolando e pagando de paquito) o Cine abriu esses shows simplesmente porque a organizadora era a Mondo – e não porque eles eram bons, de fato. Foi aí que a merda começou: as crianças fãs de McFly e Jonas Brothers - graças aos programas de tv, internet e toda essa tecnologia que as vezes atrapalha muito mais do que ajuda (se você acha que não tem nada de errado com as crianças de hoje em dia, por favor clique nesse link: http://www.liveleak.com/view?i=617_1252006591) - abraçaram a ideia. Agora é normal um cara se dizer rockeiro e gravar um cd com tanto efeito na voz que faz parecer um robô. Agora é normal uma banda tocar em um festival de rock e usar instrumentos sampleados para ‘melhorar a performance’. Agora é normal uma banda se preocupar muito mais com a roupa que usa, a imagem que passa, do que com a própria atitude em relação à música. 

E aí eu fico pensando... A culpa disso é de quem? Da indústria fonográfica, que parece desnorteada ao escolher algumas bandas que fazem sátira ao nosso gosto pra integrar o mainstream brasileiro? Das bandas, que não se preocupam em buscar boas referências? Dos pais, que parecem ter esquecido de ensinar algumas coisas para os filhos? Dos organizadores de shows, que se vendem e abrem espaço pra um monte de banda ruim? Ou da própria população, que passivamente aceita e escuta qualquer coisa que lhe é ‘imposta’?
A verdade é que, no meio de tanta bagunça no cenário musical, cabe a nós, apreciadores de uma boa música, exigirmos qualidade.


O underground paulista tem muita banda boa: o metal do Project 46; o Rancore, que faz um rock contemporâneo, mesclado com hardcore e letras engajadas nos atuais problemas da sociedade; o Eu Serei a Hiena, banda instrumental que segue a linha do rock matemático e muitas outras que terão seu espaço neste blog.
O mainstream, que já deixou dúvidas, agora tem o Gloria, que mistura o rock pesado, com berros e guitarras na levada do metal e melodias românticas, provando que nós brasileiros temos sim muita maturidade musical.
Rock que é rock faz você sentir o seu sangue correndo, é espontâneo, é autêntico.

Finalizo aqui com um apelo: Vamos ouvir músicas boas! "Uôô-ô-ôôôôô" não é nada além de pobreza musical.

Era boa na época da garagem...

 A frase descreve um sentimento nostálgico, mas quem já não constatou amargamente que o sucesso acaba com a  qualidade de várias bandas? Na fase garagem o som era melhor, as letras mais inteligentes e os integrantes não usavam o corte de cabelo da moda, exato, esse com a franja de lado, quase encobrindo a visão. Não vou citar exemplos neste post, numa próxima oportunidade discutiremos esse assunto com mais profundidade. 

Não defenderei nenhuma tese neo-comunista, as bandas precisam ganhar dinheiro, mas deve ser possível fazer isso sem cair no clássico de a "nova banda teen  do momento", tocando aquelas músicas cujo refrão é tão fácil de decorar quanto o último hit do axé baiano. Por trás da mudança, nem sempre positiva, por qual a banda passa estão as gravadoras que determinam quem será a grande revelação do ano. Claro, é necessário falar que o pessoal que vota nessas bandas como a melhor do ano também é culpado. Gosto é pessoal, mas às vezes a falta de critério na escolha é chocante.


Ainda existe esperança, tem muita banda boa por aí, portanto pessoal cuidado: pois nem tudo que reluz é boa música.

(des) Apresentação!

Lobotomia é uma intervenção cirúrgica cerebral onde os lóbulos frontais do cérebro são cortados e separados, utilizada em casos graves de esquizofrenia. Não que isso torne alguém menos 'louco', porém menos agressivo e mais apto à manipulação, capaz de acreditar e formar opinões idênticas a de todo mundo, forçado a cair no senso comum.

Passamos por um processo parecido de maneira sutil e constante. Somos submetidos à alienações, lemos e ouvimos exatamente as mesmas coisas. Aceitar sem criticar torna parte da realidade, já que não podemos mais pensar sem a intervenção de pensamentos alheios ou mesmo da mídia. Nossas opiniões são formadas sem percebermos.

Lobotomia SP foi criado por estudantes de jornalismo com o objetivo de discutir sobre a cena do rock e a indústria fonográfica. Partindo do nosso ponto de vista, traremos informações sobre shows, resenhas de CDs, artistas e as novidades do circuito.

Somos submetidos a uma lobotomia, lenta e progressiva pelos meios de comunicação e nem sequer percebemos!
Ficamos mansos. Fáceis de lidar.
E nem loucos somos.